Jorge Finatto
O SILÊNCIO DE DEUS é cheio de significados. Há pessoas que se ressentem por não escutar a voz de Deus. De fato, Ele não anda tagarelando por aí. Eu, pessoalmente, nunca conversei, face a face, com Deus, quem dera. Mas talvez a face Dele seja muito diferente da que imaginamos e se manifeste de muitas maneiras. Quem sabe nos deparamos com ela todos os dias sem nos dar conta...
Precisamos aprender a ouvir a voz de Deus. No silêncio.
O silêncio não quer dizer que Deus seja indiferente ou surdo às nossas palavras, sentimentos e angústias. Tenho motivos para achar que Ele nos ouve. Não sou pregador nem pastor. Apenas observo. Creio que existem realidades além das coisas visíveis e tangíveis. Como explicar a poderosa criação que existe por trás de uma flor, uma nuvem, um pássaro? Há algo espiritual que não se explica só pela razão.
Sim, Deus não perde tempo com bobagens. Por exemplo, acredito que Ele nunca se envolve com resultados de futebol ou de qualquer outro esporte (se fosse atender, todos os jogos terminariam empatados). Ele tem outras prioridades.
Sim, Deus não perde tempo com bobagens. Por exemplo, acredito que Ele nunca se envolve com resultados de futebol ou de qualquer outro esporte (se fosse atender, todos os jogos terminariam empatados). Ele tem outras prioridades.
O silêncio de Deus escuta o coração humano. É o que parece. E de algum modo misterioso nos responde quando entende que é o caso. Depende muito - digo eu - da qualidade da conversa. Tem gente que só sabe pedir, pedir mais e mais, esquecendo-se de agradecer.
Selecionei quatro conversas com Deus. Repare bem em cada uma delas. Creio, sim, que Deus gosta de boas conversas (não deve ser fácil ser Todo Poderoso... imagine como isto deve ser solitário...) E às vezes se diverte com elas...
Selecionei quatro conversas com Deus. Repare bem em cada uma delas. Creio, sim, que Deus gosta de boas conversas (não deve ser fácil ser Todo Poderoso... imagine como isto deve ser solitário...) E às vezes se diverte com elas...
photo: jfinatto |
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Já não me aborreço tanto com Deus - com Deus eu já me reconciliei; aborreço-me, sim, com as pessoas: por que são elas tão más, quando podem ser boas? Por que as pessoas amargam a vida quer do próximo, quer a sua própria, quando está em suas mãos viverem felizes e contentes?
(Tévye, o leiteiro, de Scholem Aleikhem. pág. 181. Organização, tradução, introdução e notas de Jacó Guinsburg. Ilustrações: Sergio Kon. Editora Perspectiva, São Paulo, 2012.)
Senhor
tende piedade de Vós
que nos criastes.
(A Hora Evarista. Heitor Saldanha. Poema Oração do mortal, pág. 49. Instituto Estadual do Livro, Editora Movimento. Porto Alegre, 1974.)
Se me perdoardes, Senhor,
as pequenas peças que Vos preguei
eu Vos perdoarei
a enorme peça que Vós me pregastes.
(Poemas Escolhidos. Robert Frost. pág. 135. Editora Lidador Ltda. Rio de Janeiro, 1969. Tradução de Marisa Murray.)
Senhor
quando chegar
a minha vez
de cruzar a ponte
deixa levar comigo
no alforje de nuvem
os dias de sol
as tardes
de outono
os pinheiros
da serra onde
nasci
deixa eu levar
o som do riacho
as antigas
conversas
da Rua São João
me concede
a memória
dos amigos
da infância
na bruma
que serei
me alcança
um bosque
e pássaros
para tecer
a minha casa
(Poema Canção da bruma, do livro O habitante da bruma, Jorge Finatto, Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, 1998.)
tende piedade de Vós
que nos criastes.
(A Hora Evarista. Heitor Saldanha. Poema Oração do mortal, pág. 49. Instituto Estadual do Livro, Editora Movimento. Porto Alegre, 1974.)
Se me perdoardes, Senhor,
as pequenas peças que Vos preguei
eu Vos perdoarei
a enorme peça que Vós me pregastes.
(Poemas Escolhidos. Robert Frost. pág. 135. Editora Lidador Ltda. Rio de Janeiro, 1969. Tradução de Marisa Murray.)
Senhor
quando chegar
a minha vez
de cruzar a ponte
deixa levar comigo
no alforje de nuvem
os dias de sol
as tardes
de outono
os pinheiros
da serra onde
nasci
deixa eu levar
o som do riacho
as antigas
conversas
da Rua São João
me concede
a memória
dos amigos
da infância
na bruma
que serei
me alcança
um bosque
e pássaros
para tecer
a minha casa
(Poema Canção da bruma, do livro O habitante da bruma, Jorge Finatto, Editora Mercado Aberto, Porto Alegre, 1998.)
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